A administração segura do medicamento é um indicador de qualidade da assistência!
Com base no artigo, “The nine rigths of medication administration: an overview”, o Ministério as Saúde (MS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), publicaram o “Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos” que reforça a utilização dos 9 certos.
A administração do medicamento é a última barreira para evitar o erro de medicação que pode ter sido iniciado nos processos de prescrição e/ou dispensação do fármaco. Considerando que a equipe de enfermagem é a maior responsável por este procedimento, é essencial que todos os membros dessa equipe incorporem a prática dos 9 certos no dia a dia do trabalho.
Vamos entender e praticar os 9 certos?
- Medicação certa
Um estudo brasileiro de 2012, traz que um dos propulsores do erro de dispensação e administração é a semelhança de embalagens e nomes dos medicamentos. Essa não conformidade relativa à similaridade de embalagens e rótulos, ainda acontece no Brasil, induzindo os profissionais envolvidos na dispensação e administração desses fármacos a trocas não intencionais.
Atenção:
- O preparo da medicação deve ser realizado na presença da prescrição, para que a checagem do rótulo do medicamento seja realizada neste momento do preparo;
- Este é o momento também de averiguar alergias. Pacientes que tenham alergia a alguma medicação devem ser identificados com pulseira e aviso no prontuário.
- Paciente certo
Apesar de parecer “óbvio” que o fármaco deva ser administrado no paciente certo, muitos estudos demonstram que o erro na identidade durante o cuidado acontece com uma frequência maior do que imaginamos.
É essencial utilizar duas formas de identificação do paciente:
- Identificação verbal, “Por favor, qual o seu nome completo?” É importante lembrar de avaliar se a função cognitiva do paciente está preservada;
- Verificar a pulseira de identificação, que, comumente, conterá as informações que diferenciam o paciente – nome completo, número do registro hospitalar, data de nascimento e nome da mãe.
- Dose Certa
Vários elementos devem ser levados em conta neste item. Desde a unidade de medida (grama, miligrama, micrograma, ml…) utilizada na prescrição, a apresentação do fármaco no rótulo (grama, miligrama, micrograma, mg/ml, porcentagem…), a necessidade de reconstituição de pó liofilizado, se este interfere no volume na solução, chegando até ao cálculo de frações deste medicamento para chegar à Dose Certa.
Deve-se então:
- Conhecer o fármaco e suas propriedades;
- Entender a conversão de unidades de medida;
- Entender a necessidade de rediluição para obtenção da dose prescrita (principalmente em pediatria e neonatologia);
- Checar o cálculo – dois profissionais, sendo um deles o enfermeiro;
- Dupla checagem no gotejamento ou na programação da bomba de infusão.
- Via Certa
O COREN-SP nos traz que “nos décimos de segundos que antecedem a administração do medicamento, se houver dúvida, interromper o procedimento e buscar esclarecimentos imediatamente.” A via de administração do medicamento deve constar não apenas na prescrição médica, como também na rotulagem do fármaco em preparo.
Sendo assim é indispensável:
- Reconhecer que a via prescrita é compatível com o medicamento;
- Verificar se a via prescrita é compatível com o volume;
- No caso de medicamentos a serem infundidos por via endovenosa, avaliar o risco de incompatibilidade com fármacos que estão sendo infundidos de forma contínua, no mesmo acesso.
- Hora Certa
O aprazamento da prescrição médica é uma atividade privativa do enfermeiro que tem a responsabilidade de estabelecer os horários em que o paciente receberá a medicação. O uso simultâneo de vários medicamentos aumenta a possibilidade de interações entre os fármacos, o que pode ser explicado pelo crescimento progressivo das possibilidades de suas combinações.
Dessa forma, devemos atentar que:
- Seguir a Hora Certa para a administração do fármaco é um fator importante para o sucesso terapêutico, visto que sua correta realização garantirá a manutenção de níveis plasmáticos da droga, bem como favorecerá a adequada meia-vida deste medicamento, reduzindo as possibilidades de toxicidade;
- O preparo da medicação deve ser realizado imediatamente antes de sua infusão, uma vez que o fármaco pode perder a estabilidade e até se tornar tóxico com o tempo;
- A antecipação ou o atraso da administração em relação ao horário predefinido, somente poderá ser feito com o consentimento do enfermeiro e do prescritor.
- Registro Certo
“A enfermagem é continuidade”, uma frase muito repetida desde o período de formação dos profissionais da área que, porém, só pode ser verdadeira quando o registro do procedimento é realizado de forma adequado.
Assim:
- O registro, quando se trata de medicação, refere-se à checagem da prescrição médica, assim como a anotação de enfermagem de qualquer intercorrência ou acontecimento durante ou após a infusão do fármaco;
- No caso de antecipação ou atraso da administração em relação ao horário predefinido ou recusa do paciente, deve ser realizado o registro com a devida justificativa.
- Orientação Certa
Diariamente na prática profissional em saúde, observamos pacientes sendo tratados como parte do mobiliário da unidade, esquecendo que é o corpo dele que está sendo tratado. Uma assistência humanizada e segura necessita da participação do paciente no seu cuidado.
Faz parte da orientação certa:
- Esclarecer dúvidas sobre a razão da indicação do medicamento, sua posologia ou outra informação antes de administrá-lo ao paciente, na presença do prescritor;
- Orientar e instruir o paciente sobre qual medicamento está sendo administrado (nome), justificativa da indicação, efeitos esperados e aqueles que necessitam de acompanhamento e monitorização;
- Garantir ao paciente o direito de conhecer o aspecto (cor e formato) dos medicamentos que está recebendo, a frequência com que será ministrado, bem como sua indicação, sendo esse conhecimento útil na prevenção de erro de medicação.
- Forma Farmacêutica Certa
A forma farmacêutica do medicamento diz respeito ao momento da administração ao paciente. Além de conferir a forma farmacêutica e via de aplicação prescritas, também é importante conferir as condições do paciente.
Então, devemos:
- Checar se o medicamento a ser administrado possui a forma farmacêutica e via administração prescrita;
- Checar se forma farmacêutica e a via de administração prescritas estão apropriadas à condição clínica do paciente;
- Sanar as dúvidas relativas à forma farmacêutica e a via de administração prescrita junto ao enfermeiro, farmacêutico ou prescritor.
- Resposta Certa
E por último na lista dos 9 certos da enfermagem está a resposta certa, também denominado monitoramento certo por algumas instituições. Essa etapa consiste em observar atentamente o paciente medicado para avaliar as respostas dele ao tratamento medicamentoso.
Nesse momento, é essencial:
- Conferir se os efeitos desejados estão sendo obtidos, ou se qualquer outro efeito não esperado possa estar surgindo;
- Documentar e detalhar essa observação no registro do paciente;
- Questionar o próprio paciente ou os acompanhantes e familiares também pode ajudar a fazer uma avaliação mais assertiva e realista, ajudando diretamente na continuidade e eficiência do tratamento;
- Registrar todos os parâmetros de monitorização adequados (sinais vitais, glicemia capilar…).
Será que a prática dos “9 certos” é realmente executada nas instituições de saúde?
O que impede que a prática da medicação ocorra de forma segura?
A metodologia ENPRAXIS disponibiliza uma jornada de transformação para que essa diretriz de segurança seja traduzida em uma prática cotidiana da equipe de enfermagem, como algo inerente à sua rotina. Esse cuidado seguro e de excelência é possível e está ao seu alcance!
Referências